segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Mãe África



Bom dia, mãe África!
Desperta do teu sono e vê teus filhos,
filhos estes perdidos pelo mundo
os daí, cansados de guerra
a seca castiga o solo
mas a sede dos teus filhos não é só de água, é de justiça!
A fome, não é só de comida:
é de liberdade!
Zumbi correu do senhor
juntou seus irmãos
amou-os e alimentou-os.
Alimentou o sonho de liberdade.

Martin também sonhou com a liberdade
nos campos da
Geórgia,
o negro, apesar de tudo, manifesta alegria
o sonho de sua Mãe,
África querida,
que tivera sido dilacerada
pelo colonialista, sórdido

desumano, europeu e racista!
O negro canta, brinca.
O negro rei,
assim como
Muhamad Ali,
ou seria Cassius Kley?
Não importa o nome daquele esportista!
O negro não nasceu só para jogar bola
ou ser artista
agora ele tem voz, tem palavra
e está na mídia
o negro não está só na favela,
está na cidade, lutando

na universidade, estudando
pensando no sonho de igualdade
com esperança nos olhos
e a caneta na mão
um querer, uma razão!
Ver seu filho na escola, um trabalho melhor
prá deixar de ser escravo
pois ao contrário do que muitos dizem,
ele também quer subir e ver seus filhos felizes!
Sua mãe está chorando!
Chora Mãe África!
Tira de ti essa dor!
Reza para os teus filhos!
Pois como todos sabemos, teus filhos
saíram todos daí pra resumirem-se à escravidão,
mas não te esqueceram, sempre te tiveram no coração
tua lembrança me alivia e um dia voltarás à ser um grande chão!


Bom dia,
Mãe África!!


Pois aqui, na terra brasilis
Já não somos tão infelizes!


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Os homens de ferro








Quem são esses homens que estão no poder
que colocam as milícias na rua
que fecham as universidades
para os estudantes nada dizer?


Por quê tanto reprimir
para não nos deixar falar
prender, matar, insistir
em não deixar o povo se expressar?

Se eu me expressar, eles não vão gostar
vão bater em minha casa
perguntar meu nome
e pro porão me levar!


Se eu cantar, posso incomodar
pois meus versos, eles vão censurar
vão me identificar e prender
para logo me torturar!

Eu não posso escrever
sem que depois o homem de ferro
possa ler, julgar o que eu escrevi

e ele se acha no direito, ele tem o poder.

Nós vamos pra rua
lutar, dar o nosso sangue
mas lá vem os homens de ferro
nos esmagar com seus tanques!

Dizem eles estar com a razão
à andar com seus fuzis
à bater nos civis
à ensinar-lhes a lição!


Marcha soldado,
cabeça de papel.
Quem não se comportar direito
vai preso pro quartel!

O ato de mandar é abusivo
eu não posso protestar
eles não vão aceitar
vão me chamar de subversivo.

Eles não vão me dar sossego.
Nenhuma regalia.
Eles nada entendem,
à não ser de hierarquia.

Se eu não quero me dobrar pro sistema,
protesto e os desafio
mas eles me pegam e me exilam.
Para eles já não sou mais problema!

Eles estão aqui para proibir
a música, a literatura e o cinema!
Mas vou resistir,
não vou deixar de escrever nenhum poema!







Negrinha




Eis o que fizeram de ti, negrinha:
Uma escrava.

Não mais que uma escrava
que cuida da sinhazinha.

Lavaste,passaste,cozinhaste

para a sinhá.
Amamentastes os filhos dela!

" Faz negrinha! Senão,vai apanhar!"
-diz o senhor.

Eis o que fizeram de ti negrinha:

Uma escrava!
Que cozinha, lava e passa!
comendo as sobras,
sem direito e sem perdão.
No meio da ignorância.
Apanhando sem razão!

Na calada da noite,
tu pensas em fugir
pro meio do quilombo
pro meio dos teus irmãos
prá dançar, cantar
fugir da lida maldita!

Da humilhação.
Dos dias de angústia.
Da dor!

Eis o que fizeram de ti negrinha...


Ah,negrinha...
se eu pudesse eu te compraria
um bom dinheiro eu pagaria.
Mas não para ser minha escrava,
não para te maltratar,
não para te impor a dor,
mas para te exaltar...

Para tu seres meu amor!